terça-feira, 21 de junho de 2016

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

  Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz

                                                                                                                 Brasília, 08 de junho de 2016.                      Carta de apoio ao 22º Grito dos Excluídos
                                                                               
             Senhores Cardeais, Arce/Bispos, agentes de pastorais

 O Grito dos/as Excluídos/as está completando 22 anos e já alcançou dimensão continental. Nasceu a partir da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era “Fraternidade e os excluídos” e o lema: Eras tu, Senhor?

Ao contemplar as faces da exclusão na sociedade brasileira, setores ligados às Pastorais Sociais da Igreja optaram por estabelecer canais de diálogo permanente com a sociedade promovendo, a cada ano, na semana da Pátria, o Grito dos/as Excluídos/as. Em seu percurso, o Grito experimentou desafios e dificuldades e soube, acima de tudo, manter, com liberdade profética, sua presença crítica diante da desafiante situação de exclusão que persiste para grande parte da população brasileira.

O Grito dos/as Excluídos/as não se limita ao sete de setembro. Vai além. Em preparação ao evento são promovidos debates, seminários, fóruns temáticos e conferências envolvendo entidades, instituições, movimentos e organizações da sociedade civil fortalecendo as legítimas reivindicações sociais e reforçando a presença solidária da Igreja junto aos mais vulneráveis, sintonizando-a aos seus anseios e possibilitando a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

 Em 2016 o 22º Grito dos/as Excluídos/as tem como lema “Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata”. O lema inspira-se no discurso do Papa Francisco durante o IIº Encontro Mundial com os Movimentos Populares, ocorrido na Bolívia, em 2015. Nele, o Papa conclama a promovermos mudanças que transformem este sistema capitalista depredador para uma economia a serviço da vida e dos povos.

 Agradecemos aos senhores pelo apoio recebido ao longo destes anos e nos comprometemos a continuar gritando pela vida em primeiro lugar. Solicitamos-lhes, mais uma vez, o efetivo apoio à essa iniciativa que renova a esperança dos pobres e os torna sujeitos de uma nova sociedade, sinal do Reino de Deus.

Com estima e consideração,

            Dom Guilherme Antônio Werlang Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Carta da ASA frente à conjuntura política e ao governo interino




Nesse momento de extrema crise política, econômica e ética que vive o Brasil, a Articulação
Semiárido Brasileiro (ASA), rede que articula cerca de 3 mil organizações da sociedade civil e
atua em defesa da vida e garantia de direitos das pessoas, manifesta sua posição diante de tão
grave golpe deflagrado contra a democracia, a justiça e os direitos sociais do povo brasileiro.

Entendemos, também, que a crise atual não é apenas uma crise interna. Ela tem uma
abrangência mais ampla e faz parte dos interesses do capital especulativo internacional, de modo
particular na América Latina, que deseja apropriar-se dos bens e riquezas das populações, a
exemplo do pré-sal, da mineração, da biodiversidade, da água doce e das terras.

Entendemos que a tomada do Governo Dilma faz parte dessa estratégia do capital internacional,
aqui liderada por uma elite machista, sexista e homofóbica, que nunca aceitou a derrota nas urnas
e o avanço das conquistas sociais. O que está em jogo não é apenas a derrubada de uma
presidenta eleita legitimamente pela vontade popular, mas a derrubada de inúmeras políticas que
vêm transformando a vida de homes e mulheres em todo o Semiárido brasileiro, entre as quais
merecem destaque: Programa Água para Todos, em especial as cisternas de placas; Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA); Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); Pronatec;
Minha Casa Minha Vida; Mais Médicos; Assistência Técnica; Bolsa Família; Garantia Safra;
Pronera; Expansão das Universidades e Centros Tecnológicos; entre outros.

Embora ainda estando num momento inicial de apropriação da máquina pública, a elite
conservadora, a cada dia, explicita o seu projeto de exclusão de direitos e políticas construídas
com muita luta. São ameaças reais como: extinção dos Ministérios de Desenvolvimento Agrário
(MDA) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), estes responsáveis
pelos avanços, principalmente na agricultura familiar.

Está também sob ameaça real toda a metodologia de participação social, através da qual a
sociedade contribuiu diretamente na construção de inúmeras políticas públicas. A ideia é diminuir
o Estado e seus serviços para aumentar o lucro das grandes empresas, privatizando os serviços
públicos.

Diante desse grave quadro, a ASA entende que só o resgate de princípios éticos e democráticos,
o funcionamento imparcial das instituições e a união das forças populares do campo e da cidade
serão capazes de restabelecer o processo democrático e avançar na construção de um País mais
justo e solidário.

Dessa forma, a ASA não reconhece a legitimidade do atual governo e se somará a todas as forças
vivas e democráticas que resistem ao golpe parlamentar e lutam diuturnamente para que os
direitos e conquistas adquiridos, à custa de muito enfrentamento, continuem sendo efetivadas e
implementadas, para que tenhamos um Semiárido cada vez mais vivo e SEM NENHUM DIREITO
A MENOS!

Semiárido Brasileiro, 09 de junho de 2016

Coordenação Executiva da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)