Como
parte da programação do Seminário Nacional de Lançamento da Rede CFES
(Centro de Formação em Economia Solidária), que continuou sua realização
na sede da Cáritas Brasileira, em Brasília (DF), na tarde desta
quarta-feira, dia 15, temas como educação emancipatória e políticas
públicas de educação em Economia Solidária foram debatidos entre os 75
participantes do evento.
João
Cláudio Arroyo, do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (CFES), em
sua fala sobre educação emancipatória destacou que ao contrário da
educação formal, a primeira trabalha com a formação política e
pedagógica voltada para a liberdade e a autonomia, bases da Economia
Solidária. “A escola deve ter o compromisso desde a constituição das
estruturas mentais para uma capacidade cognitiva desenvolvida, até a
formação de sujeitos capazes de articular formalmente para que se criem
as condições necessárias à tomada de consciência em sociedade, de forma
articulada, coletiva e através de competências operativas e práticas,
que promovam a ruptura com o caráter ideológico do capitalismo,
mistificador de uma racionalidade que desumaniza”, defendeu.
Carlos
Eduardo Arns, da Rede de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas
Populares (ITCP), afirmou que é preciso criar formas estruturais para
que a Economia Solidária aconteça. De acordo com ele, não está se
combatendo a pobreza com a perspectiva de mudança do sistema que gera a
própria pobreza. “Nós precisamos discutir com o governo se a Economia
Solidária é efetivamente uma estratégia de desenvolvimento e se for o
instrumental tem de ser mais agressivo e determinante. Eu vejo o governo
federal apontando caminhos, mas nos municípios vejo propostas
extremamente contrárias”, argumentou. Arns ainda provocou o movimento de
Economia Solidária dizendo que é preciso ter uma postura mais combativa
para a conquista de elementos mais estruturantes. “O CFES enquanto rede
de formação não pode virar um mero repetidor de conteúdo, mas tem de
transformar as pessoas e essa transformação só ocorre por meio de
lutas.”
Valmor
Schiochet, da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES/MTE),
disse que entre os anos 2010 e 2012 o desenvolvimento sustentável e
territorial entraram na discussão da SENAES e consolidou a presença da
Economia Solidária como política pública. “O desafio que se configura
para a rede CFES, portanto, é o clima de envolvimento da sociedade e das
entidades na luta por políticas públicas enfrentando o Estado para o
reconhecimento desse direito.” Valmor ainda destacou que a política de
educação não é de responsabilidade da SENAES, mas sim do Ministério da
Educação (MEC). “É preciso estabelecer um dialogo com os responsáveis
para construir uma relação entre Economia Solidária e política de
educação. A SENAES se esforça permanentemente no diálogo com o
Ministério da Educação.”
Representante
do Ministério da Educação (MEC), Marcelo Feres, comentou que dentro do
governo federal existem diversas ações em educação espalhadas e que é
preciso juntá-las. “O desafio é enorme. Os números são de causar
incômodo, pois é atendido apenas 4% da demanda apresentada para garantir
o acesso e a permanência na Educação de Jovens e Adultos (EJA), um
total de 87 milhões de pessoas e o déficit de ofertas é maior no campo.
Já o acesso ao programa de alfabetização tem capacidade de atender um
número enorme em qualquer lugar e atende um número muito maior do que no
EJA, o que ocasiona uma maior demanda por educação continuada que ainda
não é oferecida.”
Vera Barreto, da
Secretaria Geral da Presidência da República, salientou que a Economia
Solidária é uma metodologia pedagógica que recupera a capacidade
criativa do ser humano com a proposta de desencadear ações de educação
popular para dentro do governo.
Após
as exposições os participantes realizaram um debate trazendo questões
relacionadas ao papel do CFES dentro de um programa de educação
nacional, como pensar o programa de governo em educação popular e qual a
estratégia que o movimento deve adotar para quebrar a resistência do
governo em assumir essas questões de forma séria.
O
Seminário Nacional de Lançamento da Rede CFES, que ocorre até
sexta-feira, dia 17, conta com a participação de representantes de todas
as regiões do Brasil e organizações como a SENAES, a Rede de Gestores e
o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES).
Articulado
nacionalmente pela Cáritas Brasileira, o CFES Nacional é um projeto da
Secretaria Nacional de Economia Solidária/Ministério do Trabalho e
Emprego (SENAES/MTE), que teve início em 2009. Em 2013, a parceria entre
a entidade e o governo que firmaram convênio até 2015, dá continuidade
aos processos de formação.
por Thays Puzzi, assessora de Comunicação da Cáritas Brasileira / Secretariado Nacional
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